sexta-feira, 26 de junho de 2009

O poder dos telescópios e os objetos deixados na superfície Lunar

Algumas vezes somos questionados sobre qual seria o melhor tipo telescópio para que seja possível ver a bandeira ou o carro deixados pelos astronautas na Lua na década de 1970. Outras vezes a pergunta recai sobre o motivo pelo qual, mesmo existindo tantos telescópios na Terra, essas mesmas fotos não são publicadas. Apesar de parecerem ingênuas à primeira vista, as perguntas são bastante interessantes e mostram como um pouquinho de conhecimento pode explicar muita coisa.

Antes de entrar em detalhes, é necessário informar que as fotos dos objetos deixados na Lua não são publicadas simplesmente porque elas não existem. E o motivo é bem simples: não existe nenhum telescópio capaz de enxergar objetos tão pequenos a uma distância tão grande. Nem o telescópio Hubble é capaz desse feito!

Para explicar o motivo que faz essa observação ser praticamente impossível é necessário conhecer dois conceitos importantes: o tamanho angular da Lua e dos objetos no céu e o poder de resolução de um telescópio. Vamos começar pelo primeiro.

Medida Angular
Em astronomia a abóbada celeste é divida em um arco de 360 partes ou graus. Cada uma dos 360 graus desse arco é divido em outras 60 partes ou minutos. Assim, o arco da abóbada tem ao todo 21600 minutos. Cada minuto desse arco também é dividido em 60 partes ou segundos, tornando a abóbada um arco composto de 1296000 segundos.


Cada um dos minutos desse arco é chamado de arco-minuto ou minuto de arco enquanto cada segundo é chamado de arco-segundo ou segundo de arco. Qualquer uma dessas denominações estão corretas e podem ser empregadas sem confusões.

Tamanho da Lua
É na abóbada imaginária que estão dispostos todos objetos celestes, os planetas, as estrelas, o Sol e a Lua. Se olharmos a Lua veremos que ela ocupa aproximadamente meio grau (30 minutos) no arco dessa abóbada, ou seja, 1800 arco-segundos.

Como sabemos, a Lua tem um diâmetro de 3474 km e é praticamente esse disco que enxergamos aqui da Terra. Se este disco de 3474 km ocupa 1800 segundos, então cada arco-segundo dele equivale a 1.93 quilômetros.

Uma vez compreendido o conceito acima, vamos ao segundo ponto da questão. Se não entendeu, leia novamente!

A Resolução do Telescópio
Todos os instrumentos óticos, inclusive nossos olhos, têm suas limitações e um dos principais fatores que determinam a capacidade de um telescópio é chamado de "Poder de Resolução". É ele que determina o tamanho do menor objeto que se pode ver através de um telescópio.

Existem diversos métodos para se calcular o poder de resolução de um telescópio e um dos mais usados é o "Critério de Rayleigh". Para usá-lo basta dividir 139.7 pelo tamanho da objetiva em milímetros. O resultado será o poder de resolução, expresso em arco-segundos.

Como exemplo, um telescópio de 150 milímetros tem um poder de resolução de 0.93 arco-segundos (139.7/150mm), o que significa que objetos menores que isso não poderão ser vistos por este telescópio. Apenas para lembrar, a Lua tem 1800 arco-segundos.

A grosso modo, o poder de resolução de um instrumento é diretamente proporcional ao tamanho da sua abertura. Em outras palavras, quanto maior o diâmetro da objetiva ou espelho, melhor será seu poder de resolução.

Juntando tudo e mais um pouco
Como vimos no início, cada arco-segundo no disco lunar equivale a 1.93 km. Se apontarmos para ela nosso telescópio de 150 milímetros, capaz de "resolver" 0.93 arco-segundo, então o menor objeto que podemos ver com ele na superfície da Lua precisa ter no mínimo 1794 metros. Veja porque:

1 - Poder de Resolução=139.7 "dividido" por 150 mm = 0.93 arco-segundo.
2 - Resolução=1.93 km x 0.93 = 1794 metros

Ou seja, com um telescópio de 150 milímetros não dá pra ver o carro, a bandeira ou a pegada de Armstrong na Lua!

Mais força!
Mas... E se aumentarmos o diâmetro do telescópio. Que tal um caro instrumento de 300 milímetros? Bem, neste caso as coisas melhoram, mas não muito. Vejamos:

1 - Poder de Resolução=139.7 "dividido" por 300 = 0.46 arco-segundo.
2 - Resolução=1.93 x 0.46 = 898 metros

Melhorou bastante mesmo. Com um instrumento de 300 milímetros já dá para ver objetos de 898 metros, mas o carro, a bandeira ou a pegada de Armstrong... Nada feito!

Mais Potência
Vamos poupar esforços e vamos olhar a Lua com o maior telescópio que existe no mundo, o SALT, na África do Sul. Seu espelho tem nada menos que 11 metros de diâmetro, ou seja, 11 mil milímetros. Será que agora dá para ver os apetrechos lunares? Vamos ver:

1 -Poder de Resolução=139.7 "dividido" por 11000 = 0.0127 arco-segundo.
2 - Resolução=1.93 km x 0.0127 = 24.51 metros

Nada ainda... Nem com o maior telescópio do mundo é possível ver o carro, a bandeira ou a pegada de Armstrong na Lua!

Concluindo
Como deu pra perceber, não basta ter um telescópio para se ver os equipamentos deixados na Lua. É preciso que esse telescópio tenha um diâmetro muito grande, capaz de "resolver" detalhes muito pequenos. Supondo que o carro deixado na Lua tenha aproximadamente 2.5 metros de comprimento, o telescópio terá que ter aproximadamente 100 metros de diâmetro para que os instrumentos lá deixados sejam visíveis aqui da Terra. Sem dúvida, um instrumento impraticável!

A título de curiosidade, o olho humano médio tem um poder de resolução de 120 arco-segundos. Assim, quando olhamos a Lua o menor detalhe que podemos ver precisa ter no mínimo (1.93 km x 120 seg) 231 quilômetros!

Agora que você já entendeu como se calcula o poder de resolução de um telescópio, faça os mesmos cálculos para o Sol, Júpiter, Marte, etc. A tabela acima mostra os diâmetros reais (em km) e angulares (em arco-segundos) para os diversos objetos do Sistema Solar. Experimente. Você vai se surpreender!

quarta-feira, 24 de junho de 2009

A sonda LRO da NASA chega na Lua

Depois de uma viagem de quatro dias e meio, a Lunar Reconnaissance Orbiter, ou LRO, entrou com sucesso na órbita da Lua.

Engenheiros do Goddard Space Flight Center da Nasa confirmaram sua entrada nesta terça-feira, 23.Durante a jornada da LRO para a Lua, engenheiros realizaram uma correção em seu curso para colocar a nave na posição correta para atingir sua órbita.

Como a Lua está sempre se movendo, a nave foi lançada para um ponto mais distante que o satélite da Terra. Quando estava se aproximando, a LRO usou seu motor para diminuir a velocidade até que a gravidade da Lua a colocasse em sua órbita.

Noticia » http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,missao-da-nasa-entra-com-sucesso-na-orbita-da-lua,391868,0.htm

Nota: Esta sonda, como já expliquei em post anterior, tem equipamento de imagem com capacidade de resolução suficiente para "resolver" os equipamentos e os locais de pouso das missões Apollo da NASA, realizadas nas décadas de 60 e 70. Vamos aguardar!

domingo, 14 de junho de 2009

Lançamento de Obra Relacionada a Ufologia

Amigos, preparem-se! Apertem os cintos porque aí vem "chumbo grosso". Trata-se do lançamento de obra inédita na Ufologia (estudo dos Objetos Voadores Não Identificados) que pretende desmistificar o tema atraves da apresentação de pesquisas de alto nível e com total imparcialidade e impessoalidade, levando um trabalho de qualidade ao leitor que gosta do assunto ou mesmo ao ufologista sério que necessita de argumentos sólidos e honestos, algo realmente em extinção no dias de hoje.

Trata-se da obra "A DESCONSTRUÇÃO DE UM MITO: Um mito nada modernos sobre coisas vistas na Terra: porque os "discos voadores" podem não existir" dos pesquisadores Carlos Alberto Reis e Ubirajara Franco Rodrigues, com a participação especial deste que vos escreve, Rogério Chola, e dos pesquisadores Lúcio Manfredi, Laura Elias e Vanderlei D'Agostino.

Vale a pena conferir. Dentro de 20 dias nas melhores livrarias do país!

sábado, 13 de junho de 2009

Os Maiores Equívocos e Falácias Criacionistas sobre a Evolução

Seguem abaixo algumas das afirmações equivocas mais comuns a respeito das teorias evolucionistas, seguidas pelos devidos esclarecimentos. Algumas são tão absurdas e refletem tamanha ignorância que beiram o ridículo.

A evolução nega a existência de Deus
Errado. As teorias evolucionistas, como ciências que são, não apresentam entre os seus objetivos a prova da existência ou inexistência de um Criador. Divindades constituem o objeto de estudo única e exclusivamente das religiões, não da ciência. A ciência lida com o mundo material, físico e objetivo. A religião lida com a fé e o metafísico. São campos de conhecimento completamente diferentes e que jamais deveriam tentar sobrepujar um ao outro. As teorias evolucionistas demonstram apenas que os seres vivos evoluem. Em nenhum momento elas abordam se isso seria vontade ou não de uma entidade superior criadora. Isso é indiferente do ponto de vista científico.

Os evolucionistas são todos ateus
Errado. Embora existam muitos cientistas (incluindo biólogos evolucionistas) ateus, aceitar a evolução não é sinônimo de ateísmo, conforme explicado acima. O próprio Charles Darwin não era ateu. Na verdade, a maior parte dos pesquisadores que estudam a evolução biológica é teísta, ou seja, acredita numa força superior.

Faltam evidências da evolução
Errado. Já existe um número suficiente de evidências que validam a evolução. Claro que, como ocorre em TODAS as áreas da ciência, ainda há muitas perguntas sem respostas sobre alguns detalhes. Muitos leigos confundem isso.

Evolução é apenas uma teoria
Esta afirmação ilustra uma total ignorância sobre o verdadeiro significado do termo teoria. Sob este prisma, teoria seria um mero palpite, uma suposição sem nada para sustentá-la. Em ciência teoria tem um significado completamente diferente.

O homem veio do macaco
Errado. Tal afirmação foi e ainda é responsável pelo surgimento de muitos criacionistas. Muitas pessoas se tornaram anti-evolucionistas por não gostarem da idéia de ter um parentesco com os macacos. É uma das maiores confusões já criadas na história da ciência. O ser humano é um mamífero pertencente à ordem dos primatas, juntamente com todos os macacos, lêmures, társios, lóris e outros animais semelhantes. Entre as principais características dos primatas destaca-se a visão como o sentido mais desenvolvido, olhos frontais e mãos dotadas de um polegar opositor. Como mamífero primata, o Homo sapiens apresenta todas elas. Pelas semelhanças óbvias, acredita-se que a espécie humana e os grandes símios (gorilas, chimpanzés, bonobos e orangotangos) tenham um ancestral comum, ainda desconhecido. Os nossos ancestrais hominídeos não vieram dos grandes macacos. Estes evoluíram separadamente e na mesma época.

O homem é o ápice da evolução
Errado. Como comentei num post passado, a origem deste pensamento vem da teoria original de Charles Darwin. Darwin acreditava que a evolução se dava dos seres mais simples até os mais complexos. A natureza mostra que nem sempre é assim. Como exemplo temos os seres que evoluíram para um modo de vida parasitário e se tornaram mais simples estruturalmente, como a solitária. Além disso, a evolução não apresenta um sentido ou propósito. As espécies apenas mudam para se adaptarem às condições ambientes. A partir daí podem tanto vir a se tornar mais simples como mais complexas.

Os fósseis dos chamados hominídeos na verdade são ossos de macacos e pessoas doentes ou com má formação
Errado. Há evidências suficientes de que tratam-se de várias espécies distintas. Algumas com acentuado grau de diferenciação; incluindo caixa craniana, dentição e dieta. E são bem diferentes dos macacos.

O Homem de Neanderthal (Homo neanderthalensis) era apenas um homem
Errado. Tanto os estudos anatômicos quanto os do DNA mitocondrial (mDNA) demonstram tratar-se de uma espécie diferente da nossa. Não é um ancestral nosso, como se imaginava até uns 10 anos atrás. Mas provavelmente temos com ele um ancestral comum muito próximo.

O Archaeopteryx é uma fraude
Errado. Desnecessário até comentar. Me fez lembrar de um certo criacionista do Orkut que, depois de ver uma série de imagens de fósseis linkadas por uma solícita e paciente paleontóloga, afirmou que qualquer um podia fazer aquilo no photoshop.Digno de pena.

Fraudes como a do Homem de Piltdown e do Archaeoraptor são provas de que a evolução é uma farsa
Errado. É como utilizar uma imagem fraudulenta de uma estrela ou constelação para desacreditar toda a astronomia. Uma afirmação fundamentada na completa ignorância sobre a metodologia científica. Inúmeras fraudes foram desmascaradas na história da ciência. Faz parte do processo. A própria ciência está em constante mudança. Como bem escreveu Marcelo Gleiser: O fato de teorias não serem perfeitas é fundamental para o progresso da ciência. Caso contrário, não restaria aos cientistas nada a fazer.

Darwin negou a evolução no seu leito de morte
Esta afirmação absurda provavelmente foi inventada por algum criacionista que soube que Charles Darwin fora nascido e criado numa família cristã, mas que não se deu ao trabalho de ler toda a sua biografia. Este fato nunca ocorreu. E caso tivesse ocorrido não faria diferença alguma, pois a teoria elaborada pelo naturalista inglês se mantém coerente. A validade de uma teoria é mantida por verificações e experimentações e não por uma negação ou confirmação de seu autor original.

Não existem espécies transicionais (intermediárias)
Errado. Esta afirmação contém um duplo equívoco. Primeiro, o que seria uma forma transicional? De certa maneira, todas as formas de vida podem ser consideradas transicionais, pois evoluíram a partir de outras formas de vida e estão por sua vez, evoluindo para outras. Agora, se considerarmos como formas transicionais aquelas que apresentam características híbridas (de dois grupos distintos), ainda assim a afirmação estaria falsa, pois o registro fóssil contém vários exemplos deste tipo: anfíbios basais dotados de nadadeira caudal, répteis com características de mamíferos, protobaleias dotadas de patas e dinossauros emplumados de anatomia aviana. Só não vê quem não quer.

Os "elos perdidos" nunca foram encontrados
Falácia desprovida de qualquer sentido. O que seria um "elo perdido"? Para a ciência existem apenas "elos" encontrados. E em ciência, a ausência de evidências não significa evidência de ausência.

A existência dos "fosséis vivos" é uma prova de que a evolução não existe
Errado. Alguns chamam de "fósséis vivos" os seres cujo tipo básico estrutural sobrevive a milhões de anos sem grandes mudanças; como tubarões, baratas, gambás e os peixes celacantos. Criacionistas mal-informados gostam de citá-los, sob a idéia equivocada de que tipos supostamente tão antigos deveriam ter se extinguido e dado origem a outros supostamente "mais evoluídos". O fato de alguns seres vivos mudarem tão pouco durante sua evolução significa que eles não "precisaram" mudar. Apenas isso. Não invalida em nada a evolução. E é mais uma prova de que a mesma não tem um propósito ou direção.

A datação do Carbono 14 (C14) é falha
Realmente é, para amostras com mais de 50.000 anos. Ocorre que a história da vida na Terra tem quase 4 bilhões de anos. O C14 quase não é usado com este propósito. Para isso existem outros materiais com período de mea vida bem mais longo, como o Rubídio e o combinado Uranio-Chumbo.

A 2ª Lei da Termodinâmica invalida a evolução
Errado. Esta provavelmente foi inventada por algum físico criacionista que não sabia nada de biologia, ou um daqueles fanáticos seguidores de Descartes, que acham que bastam a matemática e a filosofia para explicar tudo. Para começo de conversa, esta lei trabalha com sistemas fechados (que não trocariam matéria e energia com o meio externo). Qualquer estudante de biologia sabe que um ser vivo NÃO É um sistema fechado. Além disso, a própria 2ª lei admite pequenas variações de ordem e desordem no decorrer do processo envolvendo um sistema, como se pode ver aqui e aqui.

Nenhuma espécie nova está sendo formada atualmente
A especiação é um fenômeno difícil de ser acompanhado por um indivíduo humano, pois demoraria milhares e até milhões de anos. Mesmo assim, há casos comprovados de espécies incipientes (leia-se subespécies que estão se diferenciando, e provavelmente virão a se tornar espécies novas) de aves e salamandras; além de vários trabalhos mostrando espécies incipientes de moscas Drosophila e vermes Nematoda desde a década de 1970.

O grande mistério sobre a origem da vida invalida a evolução
Errado. Origem e evolução da vida são temas distintos. Óbvio, que como todos os assuntos dentro da biologia, estão relacionados; mas não são dependentes um do outro. Alguns não-biólogos gostam de levantar esta questão sem fundamento. As teorias evolucionistas em nenhum momento lidam com a origem da vida.

Por enquanto é só. Se algum leitor se lembrar de algum outro equívoco que eu não postei aqui, por favor, me mandem. Terei o maior prazer em publicar!

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Por que a Terra está se afastando do Sol?


A distância entre o Sol e a Terra é conhecida como Unidade Astronômica, ou simplesmente UA, uma espécie de "quilômetro espacial", usada para expressar as enormes distâncias interplanetárias. Uma Unidade Astronômica mede 149.597.870,696 km.

A medição mais precisa feita até hoje dessa distância entre o Sol e a Terra foi concluída em 2004 pelos astrofísicos russos Gregoriy A. Krasinsky e Victor A. Brumberg. E, ao término de seu trabalho, eles fizeram uma descoberta surpreendente: a Terra está se afastando do Sol a uma velocidade de 15 centímetros por ano.

Quinze centímetros por ano não parece ser muito, talvez apenas o suficiente para permitir uma previsão de que a Terra terá problemas de resfriamento global em algumas centenas de milhões de anos. Mas é o suficiente para exigir uma explicação. Afinal de contas, o que está afastando a Terra do Sol?

A explicação que primeiro se ofereceu foi a de que o Sol está perdendo massa, via fusão nuclear e pela emissão dos ventos solares. Perdendo massa, ele perderia sua força gravitacional e permitiria que os planetas ao seu redor se afastassem.

Outras possibilidades levantadas incluíram alterações na constante gravitacional G, efeitos da expansão do Universo e até influências da matéria escura. Mas nenhuma delas passou pelo crivo da comunidade científica.

Agora, Takaho Miura e seus colegas da Universidade de Hirosaki, no Japão, elaboraram uma nova explicação para o afastamento da Terra em relação ao Sol. O artigo científico deverá ser publicado em breve no periódico Astronomy & Astrophysics, mas a proposta foi adiantada em uma reportagem da revista New Scientist.

Segundo os cientistas japoneses, o Sol e a Terra estão literalmente empurrando-se mutuamente devido à interação de suas marés.

O fenômeno é o mesmo que explica o afastamento da Lua em relação à Terra: as marés que a Lua levanta em nossos oceanos estão gradualmente transferindo energia rotacional para o movimento lunar. Como resultado, a cada ano a órbita lunar aumenta cerca de 4 centímetros, e a velocidade de rotação da Terra diminui em 0,000017 segundos.

Dezessete milissegundos por ano é outro dado nada apocalíptico, mas o suficiente para projetar que, ao contrário do que o senso comum aponta, ao invés do tempo estar passando mais rápido, ele de fato passa cada dia mais lentamente - literalmente 0,000017 segundos por ano - e os dias terrestres tenderão a ficar maiores no futuro.

Da mesma forma, afirmam os cientistas, a massa da Terra está causando o levantamento de marés na superfície do Sol, o que explica uma diminuição na rotação do Sol em 0,00003 segundos (3 milissegundos) por ano. Ao perder momento angular, o Sol permite que a distância entre ele e a Terra aumente gradualmente.

Embora já tenha sido aceito para publicação, o que significa que os revisores verificaram que a proposta é cientificamente válida, será necessário que outros astrofísicos avaliem os métodos e cálculos dos pesquisadores japoneses antes que se possa considerar esta como sendo a explicação "oficial" para o já bem documentado afastamento entre o Sol e a Terra.